segunda-feira, 5 de maio de 2025

RU da UFMA sob suspeita: altos custos, refeições precárias e denúncias de irregularidades

São Luís (MA) — O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está no centro de uma série de denúncias envolvendo má qualidade dos alimentos, valores milionários pagos à empresa fornecedora e suspeitas de irregularidades administrativas. A situação tem gerado revolta entre estudantes e servidores, que enfrentam diariamente longas filas para receber refeições descritas como insuficientes, mal preparadas e, segundo relatos, até com presença de insetos e larvas.


Segundo levantamento feito por um blog local, o custo das refeições fornecidas pela empresa contratada ultrapassa R$ 13 por porção, totalizando cerca de R$ 27,60 por dia por aluno (almoço e jantar). Esse valor, segundo estudantes, seria mais do que suficiente para uma refeição completa e de melhor qualidade em restaurantes populares da região, como na Vila Embratel ou no bairro Sá Viana.

“Se esse valor fosse repassado diretamente aos estudantes, muitos comeriam muito melhor em estabelecimentos da própria comunidade. O problema é que a empresa recebe milhões por ano e entrega uma comida de péssima qualidade”, afirmou um aluno, que preferiu não se identificar.

A situação se agravou após mudanças recentes na forma de servir: antes, os próprios estudantes se serviam dos acompanhamentos, ficando a proteína sob responsabilidade da empresa. Agora, toda a montagem do prato passou para o controle da fornecedora, o que, segundo usuários, resultou em porções ainda menores.


Além da má qualidade, há relatos preocupantes sobre o destino das sobras das refeições. Denúncias indicam que restos de comida estariam sendo vendidos a pequenos criadores de porcos da região do Itaqui-Bacanga, gerando lucro adicional para a empresa. “Isso é duplamente lucrativo: ganham com o contrato e com o reaproveitamento das sobras, enquanto os estudantes passam fome ou adoecem com a comida servida”, desabafa outro universitário.

O contrato com a empresa fornecedora, segundo fontes internas, pode render até R$ 14 milhões por temporada, oriundos de verbas federais. A renovação constante do contrato, mesmo diante de inúmeras queixas e denúncias formais, levanta supostas " suspeitas sobre a existência de favorecimento e possível esquema de desvio de verbas". Hábil questionamentos sobre a atuação do gabinete da Reitoria e da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proaes), especialmente em relação à transparência dos processos licitatórios e à fiscalização da execução do contrato.

Os estudantes exigem respostas e cobram a atuação do Ministério Público Federal para investigar a destinação dos recursos, a qualidade e a quantidade dos alimentos fornecidos, e a real demanda atendida pelo RU.

“Estamos falando de dinheiro público, de verba que deveria garantir dignidade aos estudantes. O que temos hoje é um retrato do descaso e da má gestão”, declarou um representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

A UFMA ainda não se manifestou oficialmente sobre as denúncias.

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